Felipe
Lemos*
Doces ou travessuras? É a pergunta
tradicional feita há muitos anos por crianças em várias partes do mundo,
inclusive em alguns lugares do Brasil, no tal Halloween ou Dia das Bruxas, que é
lembrado no 31 de outubro. Não se sabe bem a origem da data, mas tem a ver com
cultos pagãos da antiga Europa e com tradições que conduzem ao Dia dos Mortos.
Pessoas, sobretudo os pequenos, saem de casa fantasiadas de bruxas ou bruxos, ou
mesmo de monstros, em uma estranha honra ou reconhecimento a algo que talvez nem
entendam exatamente do que se trata.
Enquanto
isso, do outro lado da rua, em uma igreja cristã, a amnésia histórica tomou
conta dos cristãos que, um dia, de alguma forma, estiveram ligados a um episódio
emblemático ocorrido também num 31 de outubro (de 1517), no distante castelo de
Wittenberg, na Alemanha. Ali, um monge questionador e sincero temente a Deus,
chamado Martinho Lutero, afixou na porta do castelo o que se convencionou chamar
de as 95 teses sobre justificação pela fé. Talvez não saibamos de memória o
conteúdo do que Lutero escreveu, mas sabemos que ele questionava atitudes,
conceitos e ensinamentos contrários à Bíblia. E mais ainda: ele exaltava a
Bíblia como regra de fé para os que se dizem seguidores de Cristo.
Mas a
pergunta hoje é outra. Aliás, há outras indagações. O que está sendo mais bem
promovido: o Halloween ou a Reforma Protestante? O que é mais lembrado pela
sociedade, especialmente a que se autodeclara cristã e conhecedora da Bíblia
Sagrada?
O tempo
vai passando, mas o Halloween é visto na TV, nas lojas de brinquedos, nos
adereços dos supermercados, dos shoppings, nas escolas e ouso até
acreditar que em algumas igrejas. A atmosfera do Dia das Bruxas é sentida em
vários ambientes e trata de impregnar a todos quantos for possível. Virou moda.
É produto tipo exportação para crianças e adolescentes que sabem o que devem
fazer nesse dia se quiserem estar em harmonia com a data, mas não sabem, talvez,
quem foi Lutero, desconhecem o que diz na Bíblia e são hesitantes ao falar do
próprio Jesus Cristo.
Não adianta culpar a Europa
antiga e nem a atual por seu desprezo à origem protestante. A responsabilidade é
minha e é sua também, que está lendo esse texto. O cristianismo bíblico precisa
estar na mente da sociedade, especialmente de crianças, adolescentes e jovens. A
Bíblia, contudo, será lembrada com amor, carinho e interesse se for realidade
para esse grupo. Eles precisam ver exemplos de adultos, pais, professores,
líderes, que realmente consideram o livro sagrado do cristianismo como algo
sagrado mesmo. Sagrado, não porque seja intocável, mas porque é a Palavra de
Deus válida para hoje e para sempre. Palavra que levou um homem solitário como
Lutero a escrever cartas ao líder máximo de sua igreja, à época, pedindo que se
observassem os ensinos ali contidos. Que o levou a defender a fé inabalável em
Jesus Cristo como suficiente para salvação sem necessidade de indulgências,
obras de sacrifício físico, misticismos inventados por inescrupulosos
aproveitadores do fervor sincero.
E então? A
maior propaganda da Bíblia parece ser uma vida em harmonia com ela. Halloween é
forte, principalmente porque o espírito de reformadores, como Lutero, hoje é
fraco. Na falta de seguidores fieis e equilibrados da Bíblia, o povo prefere
bruxas, doces e travessuras no 31 de outubro.
(Felipe Lemos é jornalista e
assessor de imprensa da Igreja Adventista na América do
Sul)
Fonte:
http://www.criacionismo.com.br/2012/10/31
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