O presidente Barack Obama venceu hoje
as eleições americanas ao obter ao menos 303 votos no Colégio Eleitoral (eram
necessários 270), contra 206 de Romney. Apesar disso, levando em conta a votação
popular, a vitória foi apertada. Por volta das 8h30 desta quarta-feira (7), o
democrata tinha 50% dos votos, contra 48% do republicano, em uma diferença de
pouco mais de 1,3 milhão de votos.
Ele afirmou
que deseja trabalhar com líderes do Partido Democrata e também do Partido
Republicano em questões como a redução do deficit, mudanças nos impostos e na
melhoria das leis de imigração.
No segundo mandato, Obama vai ter de lidar
novamente com um Congresso dividido, com os republicanos dominando a Câmara dos
Representantes (equivalente à Câmara dos Deputados) e os democratas no controle
do Senado.
Leia a íntegra do discurso em
português.
*
Obrigado. Obrigado. Muito, muito obrigado.
Hoje, mais de 200 anos depois de uma ex-colônia conquistar o direito de
determinar seu próprio destino, nossa união avança. (aplausos) Ela avança graças
a vocês. Ela avança porque vocês reafirmaram o entusiasmo que triunfa sobre a
guerra e a depressão.
O entusiasmo que ergueu nosso ânimo das
profundezas do desespero ao pico da esperança. A fé em que, embora cada um de
nós busque realizar seus sonhos individuais, somos uma família americana e vamos
nos erguer e cair como uma só nação e um só povo. (aplausos)
Esta noite, nesta eleição, vocês, o povo
americano, nos fizeram lembrar que, embora nosso caminho tenha sido árduo,
embora nossa jornada tenha sido longa, nós nos reerguemos, nós lutamos para
recuperar o terreno perdido, e sabemos em nosso íntimo que para os Estados
Unidos da América o melhor ainda está por vir. (aplausos)
Quero agradecer a cada americano que participou
desta eleição. Quer você tenha votado pela primeira vez ou aguardado em fila por
muito tempo; por falar nisso, precisamos dar um jeito nisso. (aplausos) Quer
você tenha percorrido as ruas ou falado ao telefone. Quer você tenha erguido um
cartaz de Obama ou um cartaz de Romney, sua voz foi ouvida, e você fez uma
diferença.
Acabei de falar com o governador Romney.
Parabenizei a ele e ao deputado Ryan por uma campanha arduamente travada.
Podemos ter nos enfrentado com afinco, mas foi apenas porque amamos este país
profundamente e nos preocupamos tanto com seu futuro.
Desde George e Lenore até seu filho Mitt, a
família Romney optou por contribuir para a América através do serviço público, e
esse é um legado que honramos e que aplaudimos esta noite.
Nas próximas semanas, espero me sentar com o governador Romney para estudar as áreas em que podemos cooperar para fazer este país ir para frente.
Quero agradecer a meu amigo e parceiro dos
últimos quatro anos, o "guerreiro feliz" da América e o melhor vice-presidente
que se poderia desejar: Joe Biden. (aplausos)
E eu não seria o homem que sou hoje sem a
mulher que aceitou casar-se comigo 20 anos atrás. Quero dizer isto publicamente:
Michelle, nunca a amei tanto. Nunca senti mais orgulho que agora de ver o resto
da América apaixonar-se por você também, como a primeira-dama de nosso
país.
Sasha e Malia, diante de nossos olhos vocês
estão crescendo para tornar-se duas jovens fortes, inteligentes e lindas, como
sua mãe. (aplausos) Sinto tanto orgulho de vocês. Mas tenho que admitir que um
cachorro apenas é provavelmente o bastante por agora. (risos)
À melhor equipe de campanha e aos melhores
voluntários na história da política (aplausos), os melhores, os melhores. Alguns
de vocês começaram desta vez e alguns estiveram a meu lado desde o início
(aplausos), mas todos vocês são parte da família.
Não importa o que venham a fazer ou para onde
vão a partir daqui, vocês sempre carregarão a memória da história que fizemos
juntos e terão a apreciação vitalícia de um presidente agradecido.
Obrigado por acreditarem sempre, ao longo de
todas as montanhas e todos os vales, vocês me ergueram o caminho inteiro. Sempre
serei grato por tudo o que vocês fizeram e todo o trabalho incrível que
investiram. (aplausos)
Sei que campanhas políticas às vezes podem
parecer mesquinhas, até mesmo tolas, e isso dá muita munição aos cínicos que nos
dizem que a política não passa de uma disputa entre egos ou que é dominada por
interesses especiais.
Mas se vocês alguma vez tiverem a oportunidade
de conversar com pessoas que compareceram a nossos comícios e se acotovelaram
diante dos cordões de isolamento em ginásios de colégios, ou viram pessoas
trabalhando tarde da noite num escritório de campanha em algum condado
minúsculo, longe de casa, vocês descobrirão algo diferente.
Vocês ouvirão a determinação na voz de um jovem
organizador de base que trabalha para pagar por seus estudos universitários e
quer assegurar que todas as crianças vão ter a mesma oportunidade.
(aplausos)
Ouvirão o orgulho na voz de uma voluntária que
está indo de porta em porta porque seu irmão finalmente conseguiu emprego quando
a fábrica de automóveis local acrescentou mais um turno de trabalho.
(aplausos)
Ouvirão o patriotismo profundo na voz de uma
esposa ou marido de militar que está trabalhando como voluntário ao telefone,
tarde da noite, para assegurar que ninguém que combate por este país jamais
precise lutar para ter um emprego ou uma casa para viver quando voltar para
casa. (aplausos)
É por isso que fazemos isto, é isso o que a
política pode ser, é por isso que as eleições têm importância. Não é pouca
coisa: é grandioso, é importante. Num país com 300 milhões de pessoas, a
democracia pode ser barulhenta, confusa, complicada.
Temos nossas opiniões próprias, cada um de nós
tem posições em que acredita profundamente, e quanto passamos por tempos
difíceis, quando tomamos decisões importantes, como país, isso necessariamente
desperta paixões, provoca controvérsia. Isto não vai mudar depois desta noite e
não deveria mudar.
Essas discussões que temos são um sinal de
nossa liberdade, e nunca devemos esquecer que agora, enquanto falamos, pessoas
em países distantes estão arriscando suas vidas, neste exato momento,
simplesmente por uma chance de discutir sobre as questões que são importantes,
pela chance de votar, como nós fizemos hoje. (aplausos) *
Mas, a despeito de todas nossas divergências, a
maioria de nós compartilha certas esperanças para o futuro da América. Queremos
que nossos filhos cresçam num país em que tenham acesso às melhores escolas e os
melhores professores. (aplausos)
Um país que faça jus a seu legado de líder
global em tecnologia, descobertas e inovações. Com todos os novos empregos e os
novos empreendimentos decorrentes.
Queremos que nossos filhos vivam numa América
que não esteja onerada por dívidas, que não seja enfraquecida pela desigualdade.
Que não seja enfraquecida pelo poder destrutivo de um planeta em aquecimento.
(aplausos) Queremos deixar para nossos filhos um país que seja seguro e que seja
respeitado e admirado em todo o mundo.
Um país defendido pelas forças armadas mais
fortes do mundo e as melhores tropas que este mundo já conheceu. (aplausos) Mas
também um país que avance com confiança para além deste tempo de guerra, que
erga uma paz baseada na liberdade e dignidade para cada ser humano. Acreditamos
numa América generosa. Numa América compassiva. Numa América tolerante, aberta
aos sonhos de uma filha de imigrantes que estuda em nossas escolas e jura
fidelidade a nossa bandeira. (aplausos)
Ao garoto da zona sul de Chicago que enxerga
uma vida mais além da esquina de sua rua. (aplausos). Ao filho de trabalhadores
em fábricas de móveis da Carolina do Norte que sonha em tornar-se médico ou
cientista, engenheiro ou empreendedor, diplomata ou até mesmo presidente. Esse é
o futuro pelo qual esperamos, essa é a visão que compartilhamos. É nesse rumo
que precisamos avançar. Para frente. (aplausos). É nessa direção que precisamos
avançar.
É verdade que vamos discordar, às vezes com
veemência, em relação a como chegar lá. Como vem fazendo há mais de dois
séculos, o progresso virá de modo irregular --nem sempre é um caminho constante
e tranquilo.
O reconhecimento de que temos sonhos e
esperanças em comum não será o bastante, por si só, para acabar com todo o
impasse, resolver todos nossos problemas ou substituir todo o trabalho cuidadoso
de construir nosso consenso ou fazer as concessões difíceis necessárias para
fazer este país ir para frente. Mas é desse elo comum que devemos partir.
Nossa economia está se recuperando. Uma década
de guerra está chegando ao fim. Uma longa campanha agora acabou. E, quer eu
tenha merecido ou não o voto de vocês, eu os ouvi, aprendi com vocês, e vocês me
fizeram um presidente melhor. Munido das histórias e das lutas de vocês, retorno
à Casa Branca mais determinado e mais inspirado para o trabalho que há para ser
feito e o futuro que está pela frente. (aplausos)
Esta noite vocês votaram na ação, não na
política como ela costuma ser. Vocês nos elegeram para focarmos os empregos de
vocês, não os nossos. E, nas próximas semanas e nos próximos meses, quero
procurar e trabalhar com líderes dos dois partidos para encarar os desafios que
só poderemos resolver juntos: reduzir nosso déficit, reformar nosso código
tributário, resolver os problemas de nosso sistema de imigração, libertar-nos do
petróleo estrangeiro. Temos mais trabalho a fazer!
Mas isso não quer dizer que o trabalho de vocês
tenha terminado. O papel do cidadão em nossa democracia não se limita ao voto. O
importante na América nunca foi o que pode ser feito por nós --é o que pode ser
feito por nós, no trabalho árduo, frustrante, mas necessário do autogoverno. É
esse o princípio sobre o qual fomos fundados. Este país possui mais riqueza que
qualquer outro, mas não é isso o que nos torna ricos.
Possuímos as forças armadas mais poderosas da
história, mas não é isso o que nos torna fortes. Nossas universidades, nossa
cultura são motivo de inveja do mundo, mas é isso o que faz o mundo continuar a
vir até nós.
O que faz a América ser excepcional são os
vínculos que unem a nação mais diversificada da Terra, a crença de que nosso
destino é compartilhado, que este país só funciona quando aceitamos certas
obrigações uns para com os outros e para com as gerações futuras, de modo que a
liberdade pela qual tantos americanos lutaram e morreram vem acompanhada de
responsabilidades também, e entre estas estão o amor, a caridade, o dever e o
patriotismo. É isso o que torna a América grande. (aplausos)
Sinto-me esperançoso esta noite porque vi o
entusiasmo em ação na América. Eu o vi na empresa familiar cujos donos
preferiram reduzir seus próprios rendimentos a demitir seus vizinhos e nos
trabalhadores que preferiram reduzir seus horários de trabalho a ver um amigo
perder seu emprego. Eu o vi nos soldados que voltam a se alistar depois de
perder um braço ou perna e nos membros das forças especiais que correram escada
acima, rumo ao escuridão e ao perigo, porque sabiam que havia um companheiro
atrás deles, protegendo-os. (aplausos)
Eu o vi nas costas de Nova Jersey e Nova York,
onde líderes de todos os partidos e todos os escalões do governo deixaram suas
diferenças de lado para ajudar uma comunidade a reconstruir-se após a destruição
deixada por uma tempestade terrível. (muitos aplausos).
E o vi outro dia em Mentor, Ohio, onde um pai
contou a história de sua filha de 8 anos de idade, cuja longa batalha contra a
leucemia quase custou à sua família tudo o que ela possuía, não fosse o fato de
a reforma da saúde ter sido aprovada alguns meses antes de a seguradora deixar
de pagar pelo atendimento médico dela. (muitos aplausos)
Tive a oportunidade não apenas de falar com o
pai, mas de conhecer sua filha incrível. E, quando ele falou ao público, cada
pai ou mãe naquela sala, ouvindo a história daquele pai, teve lágrimas nos
olhos, porque sabíamos que aquela garotinha poderia ser nossa filha.
E eu sei que cada americano quer que o futuro
de sua filha seja tão iluminado quanto o dela. Esses somos nós. Esse é o país
que sinto tanto orgulho em liderar, como seu presidente. (muitos
aplausos)
E esta noite, apesar de todas as dificuldades
pelas quais passamos, apesar de todas as frustrações de Washington, nunca me
senti mais esperançoso em relação a nosso futuro. (muitos aplausos)
E peço a vocês que sustenham essa esperança.
Não estou falando em otimismo cego, o tipo de esperança que simplesmente ignora
a enormidade das tarefas pela frente ou dos obstáculos que estão em nosso
caminho.
Não estou falando do idealismo pouco realista
que nos permite simplesmente assistir aos fatos, sem intervir, ou nos abster de
uma luta. Sempre acreditei que a esperança é aquela coisa obstinada dentro de
nós que, apesar de todas as evidências em contrário, teima em insistir que algo
melhor está à nossa espera, desde que tenhamos a coragem de continuar buscando,
continuar trabalhando, continuar lutando. (muitos aplausos)
América, acredito que podemos partir do
progresso que já conquistamos e continuar a lutar por novos empregos, novas
oportunidades e nova segurança para a classe média. Acredito que podemos cumprir
a promessa de nossa fundação: a ideia de que, se você está disposto a trabalhar
muito, não importa quem você é, de onde vem, qual é sua aparência ou onde ama.
Não importa se você é negro ou branco, hispânico, asiático ou indígena
americano, jovem, velho, rico ou pobre, saudável, deficiente, gay ou
heterossexual. (muitos aplausos)
Você pode ter sucesso aqui na América, se
estiver disposto a tentar. Acredito que podemos agarrar este futuro juntos,
porque não estamos tão divididos quanto nossa política leva a pensar. Não somos
tão cínicos quanto os especialistas pensam.
Somos maiores que a soma de nossas ambições
individuais, e continuamos a ser mais do que um conjunto de Estados vermelhos e
azuis: somos e seremos para sempre os Estados Unidos da América. Juntos, e com a
ajuda e vocês e a graça de Deus, vamos continuar a avançar e lembrar ao mundo o
que significa viver na maior nação da Terra. Obrigado, América. Deus nos
abençoe. Deus abençoe estes Estados Unidos.
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Tradução de CLARA
ALLAIN
Fonte:
http://www1.folha.uol.com.br/fsp/mundo/76759-o-melhor-esta-por-vir-discursa-presidente.shtml
08/11/2012
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