quarta-feira, 7 de novembro de 2012

" Rio Grande do Sul, do sim "! ...

                                                      MARTHA MEDEIROS

Faz tempo que deixei de ser publicitária e talvez, por isso, já não preste tanta atenção no que se faz no setor, mas “Rio Grande do Sim” reacendeu em mim o entusiasmo da ex-profissional de marketing que fui. Que ideia bacana, não só pela criatividade da expressão, mas pela pertinência do movimento.

Estou totalmente solidária à ADVB e espero que essa campanha consiga de fato mudar a nossa mentalidade. Chega de sermos tão desconfiados em relação ao novo, tão defensivos, tão protecionistas de nossas raízes, como se tudo o que viesse de fora fosse prejudicial, e não evolutivo.

Para abrir um viaduto, algumas árvores terão que ser transplantadas. Para desenvolver um parque na beira do rio, algumas mudanças no traçado original serão necessárias. Para atrair investimentos, é preciso negociar com mais jogo de cintura.


Não há desenvolvimento sem algum custo – o que se deve é ter bom senso para quantificar se esse custo é tolerável ou abusivo. A população viaja para grandes centros, como Nova York, e volta deslumbrada pela “cidade que não dorme”, mas não faz nada para permitir que Porto Alegre seja menos sonolenta.

Claro que cada construção e cada desconstrução requerem consenso, não se pode escancarar porteiras sem ouvir todos os lados atingidos, mas é preciso que cada um de nós – e esse é o grande desafio da campanha – reflita profundamente sobre si mesmo.

Até onde nosso conservadorismo impede de termos experiências novas? Por que tanto medo de mudar? Que trajetória de vida é essa que se pretende igual do nascimento à morte, sem sustos, sem surpresas, sem erros, sem acertos, sem nada que seja palpitante? Falta-nos mais ousadia.

Eu mesma já fui um exemplo de rigidez. Até anos atrás, diante de qualquer pergunta, a primeira palavra que saía da minha boca era “não”. Antes mesmo de entender o que estava sendo proposto: não. Era uma espécie de escudo, uma blindagem natural. Só depois de ouvir as argumentações é que eu relaxava e avaliava a questão sem tanta rejeição prévia, mas aí, tique-taque, o relógio já havia andado. Mudei. Não totalmente, mas bastante.

Não tenho mais tempo a perder. Deixo o sim se instalar com mais rapidez. Consigo fazer o sim prevalecer, mesmo sem garantia, pois aprendi que não existe garantia de nada, nunca. Há que se correr riscos para crescer. Quem não arrisca, atola. Não sai do lugar.

Que se faça muito barulho com essa campanha. Para acordar a todos nós.

Um convite: no próximo sábado estarei na Feira, às 16h, autografando meu novo livro, Um Lugar na Janela, que traz diversos relatos de viagens. Manter-se em movimento ajuda a ampliar nossa visão de mundo. Viajemos – nas ideias, inclusive. Hora de sair do chão.

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