As Jornadas de Teologia, em Viseu,
debateram «A Fé numa sociedade sem referências». Na sua opinião, que referências
se foram perdendo nesta sociedade contemporânea?
IL - As referências relacionam-se com
o acreditar na transcendência. O homem tornou-se ídolo de si próprio, deixou de
viver a sua vida em relação. E quando perde a alteridade, a referência ao outro,
e este Outro, com letra grande que é Deus, o homem procura-se a si próprio e
ilusoriamente constrói a sua vida pensando que, realizando-se a si próprio,
realiza o ideal de si mesmo e um ideal que é portador de felicidade.
Hoje a falta de referências centra-se na
solidão do homem. Olha-se e vê-se um vazio, um anular de convicções.
Hoje a falta de convicções e a falta de
referências assenta na falta de relações com os outros, em pé de igualdade e com
Deus. Esta relação, origem e fonte de toda a comunhão, seria consequência de uma
vida fraterna, da dignidade humana e de uma sociedade com valores em vista ao
bem comum.
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Entrevista do D. Ilídio Leandro, bispo
diocesano, fala à ECCLESIA dos desafios que se colocam à Igreja viseense
(Portugal), em plena caminhada sinodal, perante os sinais de afastamento da
prática religiosa, por parte dos católicos, e face a uma situação económica e
social que coloca cada vez mais problemas.
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